As Meninas: Lygia Fagundes Telles
“As Meninas,” Romance de Lygia Fagundes Telles, ganhou vários prêmios. Escrito em 1973, em período de violenta repressão da ditadura militar, é uma descrição da sociedade, por meio das três universitárias que representam as três classes sociais. Trata se uma crítica ao regime.
Mostra a realidade conturbada, o medo nesses tempos de censura e descrenças ideológicas. São expostas emoções, fragilidades e debilidades de caráter.
No primeiro momento, há a descrição das três personagens, que, mesmo com valores e origens tão diferentes, se conhecem em um pensionato de freiras em São Paulo e tornam-se amigas.
Lorena Vaz Leme, estudante de Direito na USP, passa quase toda a narrativa dentro do seu quarto cor -de -rosa, divagando sobre o mundo. Sai às vezes para universidade, o restante do tempo ficava a sonhar com o amante MN (Marcos Nemesius. Gosta de Lia e Ana e sempre as ajuda com dinheiro. Em boa parte da narrativa, espera por uma ligação de MN, que não se concretiza.
Ana Clara Conceição não sabe quem é seu pai e a mãe suicidou-se por causa dos maus tratos do amante. É uma modelo bonita, de olhos verdes, trancou o curso de Psicologia, faz análises e deixa todas as soluções “para o ano que vem.”
Em quase toda a narrativa, Ana está na cama com Max. Drogados, eles se ama, mas o relacionamento é impossível, pois Ana almeja restituir a virgindade por meio de uma cirurgia paga por Lorena e casar-se com um noivo rico. Em seus delírios, Ana clara fala dos traumas da infância pobre, quando morava entre os ratos e insetos nas construções com a mãe prostituída e os seus sucessivos amantes,da vida das amigas e do DR. Algodãozinho, dentista que deixou seus dentes apodrecerem quando era criança, para abusar dela e da mãe.
Lia de Melo Schultz, estudante de Ciências Sociais. Filha de uma baiana e um alemão, militante política, tem pretensões à escritora. Lia, ao contrário de Lorena, veste-se mal, não se preocupa com banho, com a aparência. Empenha-se em discursar sobre a burguesia alienada, a pobreza no Nordeste, das amigas e em angariar dinheiro para o “aparelho.” Seu namorado Miguel é preso, por isso acabam fugindo para o exterior.
A narrativa tem uma cronologia vaga, é feita pelas três estudantes em primeira pessoa, o que pode inicialmente confundir o leitor desatento. Mas ao longo da leitura, percebe-se a sincronia literária toda vez que a autora manipula a narração de fluxo de consciência de uma personagem para outra. A partir da identificação do estilo de cada personagem, a história se desnuda diante do leitor.
Apesar de, na maior parte do tempo, as meninas falarem por si, há também um narrador em terceira pessoa. Veja um fragmento desta narrativa.
Inclinou-se [Lorena] para os lados, numa profunda reverência, os braços em arco para trás, as mãos se tocando como pontas de asas entreabertas.
O romance, por meio de temas como política, sexo, dinheiro, identidade, solidão, discute a emancipação da mulher e a construção do feminino. Oprimidas na cidade grande, as três amigas encontram no pensionato “Nossa Senhora de Fátima” aconchego e carinho.
A história tem início quando Lorena está no quarto ouvindo Jimi Hendrix e Lia chega para pedir o carro de “mãezinha” emprestado e fica gritando do jardim, até que Lorena retorne do devaneio e lhe convide para subir e tomar chá.
Lorena carrega dois dramas: sente falta do pai falecido, por culpa da mãe, e não consegue superar a morte do irmão teve dois irmãos e em uma brincadeira de infância, Remo matou Rômulo. A paixão pelo médico casado que lhe escreve cartas também lhe atormenta.
Já Ana Clara perdeu toda a família, mas seu drama não está só no desamparo; é dependente e fraca de caráter. Porém, é a única feliz no amor.
Lia tem muitas saudades da sua terra e não é feliz com seu noivo, o terrorista Miguel, por isso descarrega todas as suas energias no ativismo.
Os assuntos abordados são sempre os mesmo do cotidiano da vida de uma mulher; a primeira vista, a temática pode parecer fútil. No entanto, as representações são bastante condizentes com o momento. Por exemplo, o amor esperado por Lorena representa a sociedade que espera a democracia. Ana Conceição sempre exclama “Pomba;” o símbolo da paz. São maestrias feitas pela autora para driblar a censura.
Para escrever “As Meninas,” Lygia Fagundes Teles se aproximou dos jovens do período militar e relatou o que acontecia, o que poderia acontecer. A obra, assim como a autora, é engajada, tem compromisso com o humano o social.“As Meninas,” Romance de Lygia Fagundes Telles, ganhou vários prêmios. Escrito em 1973, em período de violenta repressão da ditadura militar, é uma descrição da sociedade, por meio das três universitárias que representam as três classes sociais. Trata se uma crítica ao regime.
Mostra a realidade conturbada, o medo nesses tempos de censura e descrenças ideológicas. São expostas emoções, fragilidades e debilidades de caráter.
No primeiro momento, há a descrição das três personagens, que, mesmo com valores e origens tão diferentes, se conhecem em um pensionato de freiras em São Paulo e tornam-se amigas.
Lorena Vaz Leme, estudante de Direito na USP, passa quase toda a narrativa dentro do seu quarto cor -de -rosa, divagando sobre o mundo. Sai às vezes para universidade, o restante do tempo ficava a sonhar com o amante MN (Marcos Nemesius. Gosta de Lia e Ana e sempre as ajuda com dinheiro. Em boa parte da narrativa, espera por uma ligação de MN, que não se concretiza.
Ana Clara Conceição não sabe quem é seu pai e a mãe suicidou-se por causa dos maus tratos do amante. É uma modelo bonita, de olhos verdes, trancou o curso de Psicologia, faz análises e deixa todas as soluções “para o ano que vem.”
Em quase toda a narrativa, Ana está na cama com Max. Drogados, eles se ama, mas o relacionamento é impossível, pois Ana almeja restituir a virgindade por meio de uma cirurgia paga por Lorena e casar-se com um noivo rico. Em seus delírios, Ana clara fala dos traumas da infância pobre, quando morava entre os ratos e insetos nas construções com a mãe prostituída e os seus sucessivos amantes,da vida das amigas e do DR. Algodãozinho, dentista que deixou seus dentes apodrecerem quando era criança, para abusar dela e da mãe.
Lia de Melo Schultz, estudante de Ciências Sociais. Filha de uma baiana e um alemão, militante política, tem pretensões à escritora. Lia, ao contrário de Lorena, veste-se mal, não se preocupa com banho, com a aparência. Empenha-se em discursar sobre a burguesia alienada, a pobreza no Nordeste, das amigas e em angariar dinheiro para o “aparelho.” Seu namorado Miguel é preso, por isso acabam fugindo para o exterior.
A narrativa tem uma cronologia vaga, é feita pelas três estudantes em primeira pessoa, o que pode inicialmente confundir o leitor desatento. Mas ao longo da leitura, percebe-se a sincronia literária toda vez que a autora manipula a narração de fluxo de consciência de uma personagem para outra. A partir da identificação do estilo de cada personagem, a história se desnuda diante do leitor.
Apesar de, na maior parte do tempo, as meninas falarem por si, há também um narrador em terceira pessoa. Veja um fragmento desta narrativa.
Inclinou-se [Lorena] para os lados, numa profunda reverência, os braços em arco para trás, as mãos se tocando como pontas de asas entreabertas.
O romance, por meio de temas como política, sexo, dinheiro, identidade, solidão, discute a emancipação da mulher e a construção do feminino. Oprimidas na cidade grande, as três amigas encontram no pensionato “Nossa Senhora de Fátima” aconchego e carinho.
A história tem início quando Lorena está no quarto ouvindo Jimi Hendrix e Lia chega para pedir o carro de “mãezinha” emprestado e fica gritando do jardim, até que Lorena retorne do devaneio e lhe convide para subir e tomar chá.
Lorena carrega dois dramas: sente falta do pai falecido, por culpa da mãe, e não consegue superar a morte do irmão teve dois irmãos e em uma brincadeira de infância, Remo matou Rômulo. A paixão pelo médico casado que lhe escreve cartas também lhe atormenta.
Já Ana Clara perdeu toda a família, mas seu drama não está só no desamparo; é dependente e fraca de caráter. Porém, é a única feliz no amor.
Lia tem muitas saudades da sua terra e não é feliz com seu noivo, o terrorista Miguel, por isso descarrega todas as suas energias no ativismo.
Os assuntos abordados são sempre os mesmo do cotidiano da vida de uma mulher; a primeira vista, a temática pode parecer fútil. No entanto, as representações são bastante condizentes com o momento. Por exemplo, o amor esperado por Lorena representa a sociedade que espera a democracia. Ana Conceição sempre exclama “Pomba;” o símbolo da paz. São maestrias feitas pela autora para driblar a censura.
Para escrever “As Meninas,” Lygia Fagundes Teles se aproximou dos jovens do período militar e relatou o que acontecia, o que poderia acontecer. A obra, assim como a autora, é engajada, tem compromisso com o humano o social.