Brasília 16, de maio de, 2008.
Adriana de Araújo Alves
Jornalismo: 1 Semestre
Criatividade e Inovação.
1968, o ano que não terminou. “Resenha Crítica”:
O livro do jornalista Zuenir Ventura, “1968 o ano que não terminou”, é um relato dos fatos marcantes acontecidos no Brasil em âmbito, social, cultural e político.
A revolução ocorrida nesse ano mudaria o rumo do país. Foram anos de pesquisa e depoimentos para fazer a reconstituição de 68. Na tentativa de fazer o retrato perfeito da juventude que queria mudar o mundo, Zuenir Ventura ouviu muitos personagens.
No mundo todo era um ano de protesto. A intervenção americana no Vietnã mobilizou a juventude dos quatro-cantos do planeta. Eles também questionavam os valores sociais. Enquanto isso, aqui no Brasil instalara-se um Regime Ditatorial. Os jovens lutavam contra o autoritarismo social e por parte do Estado. Não entendiam como seus pais haviam apoiado o regime.
Zuenir inicia seu relato pela festa de reveillon. Segundo expectativas, seria um ano tranqüilo e sem muitas novidades. Em Março, inicia-se protesto contra a ditadura e a organização do movimento estudantil. No dia 28 daquele mesmo mês, o estudante Edson Luís é atingido pela polícia em manifestação no Rio de Janeiro, contra o fechamento do restaurante universitário Calabouço.
A morte do estudante foi o estopim para a explosão de protesto estudantil em todo o país e causou grande comoção social, aumentando a insatisfação da classe média com o regime militar.
A partir de então, grupos sociais aderiram à luta contra a ditadura, apoiando o movimento estudantil. Praticamente toda a sociedade carioca compareceu ao enterro do estudante. A organização das mães dos estudantes carregava cartazes com frase como “poderia ser seu filho.” A passeata até o cemitério aconteceu de forma pacífica. Já na missa de sétimo dia, na igreja Candelária, os estudantes foram atacados por policiais. Os enfrentamentos eram constantes, deixando estudantes e policiais feridos. Um dos episódios mais violentos foi a “sexta feira sangrenta”.
No dia 26 de Junho, a Passeata dos 100 mil foi organizada para protestar contra a violência militar. Teve apoio de intelectuais, como Clarisse Lispector. Vladimir Palmeira ex-líder do movimento estudantil é um dos entrevistados e relata detalhes da luta dos jovens.
Infelizmente, o movimento estudantil não conseguiu resistir. Muitos militantes foram presos, torturados, executados ou exilados. Mas conseguiram implantar reformas importantes na sociedade e no ensino superior.
68 foi um ano de ebulição não só em âmbito político, mas também sociais e culturais. Além disso, movimentos artísticos fervilharam. Zuenir Ventura descreve com detalhes o movimento Tropicália, as disputas entre a valorização nacional e a influência internacional, juntamente com elementos da cultura negra, as intrigas entre Caetano Veloso e Chico Buarque. O jornalista é minucioso quando se refere ao Festival de Música Brasileira de 1968. Reproduz o discurso proferido por Caetano Veloso, após tentar cantar a música “È Proibido Proibir” acompanhado ao som da guitarra e ser vaiado; “vocês não estão entendendo nada de nada”. Conta também do apoio de Gilberto Gil a Caetano tanto no festival como na prisão.
O livro conta ainda com o depoimento de Chico Buarque. Com 24 anos, ele escreveu a peça “Roda-Viva”, que em sua temporada paulista encerrou-se após ataque do Comando de Caça aos Comunistas. Os atores foram espancados, Marília Pêra foi despida e levada às ruas e depois, presa.
Nos últimos capítulos, Zuenir conta o que aconteceu em torno do decreto AI 5. A dificuldade dos jornais de transmitir informações diante da censura prévia, que supervisionava também os trabalhos artísticos, peças, músicas, filmes, novelas e outros.
“1968, o ano que não terminou”, é um relato da juventude brasileira, protagonista da resistência democrática à ditadura. E responsável por mudanças que se perpetuariam nas gerações posteriores.